Desde 1984, uma pequena vila da província de Henan decidiu voltar as costas às reformas e de voltar ao colectivismo.
A hora em que os últimos festivaleiros de Shanghai saem dos Karaokes enfumados, em Nanjie, altifalantes vociferam os suas primeiras notas revolucionárias do dia: “O Oriente é vermelho! ...” O hino maoísta de outra época entoa desde 6h15 nas ruas. Os altifalantes propágam a hora fixa cantos políticos, notícias do dia e as horas de distribuição gratuita de mercadorias. Hoje, distribuição de carne. Novamente porco. Os habitantes da aldeia esperam na fila pacientemente antes de ir embora com um kilo e meio de carne empacotada num saco preto opaco. Um pouco mais longe, as bicicletas desfilam no café para levar as suas garafas de cerveja sem etiqueta. Cada habitante tem direito a dez garafas gratuitas por mês e “mesmo os bebes são contabilizados”.
Nanjie est uma pequena vila de 13 000 habitantes da província central de Henan. O tempo parece ter parado. Os operários, que chegam em fila de dois à fábrica, entoam cânticos revolucionários antes do trabalho. Os bens de primeira necessidade, os cuidados de saúde e a educação são gratuitos. Os habitantes são alojados em apartamentos identicos, com móveis de madeira clara, as mesmas costinas baratas e os mesmos postos telefónicos em plástico vermelho. Uma estatueta de Mao em cerâmica em cima do televisor ou da biblioteca. Um igualitarismo que evoca mais a Revolução cultural do que uma China na sua corrida descontrolada pelo dinheiro dos anos 90. Nanjie, confessa sonhos pessoais e um crime. “Quase não temos pensamentos que nos sejam próprios. Senão, somos criticados e mudamos”, explica Kag Juanxia, uma jovem mulher de 25 anos. Ela confessa uma só vaidade: a compra de maquilhagem. “Seria necessário uma educação que permita às pessoas de não ter vontade de coisas fúteis”, declaro o seu marido.
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